sexta-feira, 6 de novembro de 2009

DISCRIMINAÇÃO!

Há certas ocasiões em que a gente sente o peso de ser brasileiro. Sempre achei que esse negócio era pura bobagem até acontecer comigo. Foi em 2005, portanto, já na era Lula. Dois episódios me fazem lembrar muito bem daquela viagem. Resolvi escrever este episódio após ler a matéria publicada aqui no Buonnano com o título de “Sacanagem” (clique aqui para ler) sobre o Raio-X e sua polemica utilização nos aeroportos. Destino: Luxemburgo. Ao chegar ao aeroporto meu sentimento era de certa ansiedade por se tratar da primeira vez naquele país e, como estava sozinho, era meu batismo de fogo com o idioma. Além de pequeno, o aeroporto estava vazio o que facilitou a chegada das malas. Dirigimo-nos para a fila de apresentação dos documentos onde todos foram liberados rapidamente com exceção de um: eu. Quando o policial me indicou a sala para fazer a verificação das bagagens eu não queria acreditar. Segurando meu passaporte, gentilmente me convidou para abrir as malas. Entreguei as chaves e fiquei observando. Um auxiliar apareceu me cumprimentou e começou o serviço com toda calma do mundo. Também pudera, para que haveria de ter pressa se era só eu ali! Enquanto isso, o outro que parecia o chefe fez aquele interrogatório básico: duração da estadia, onde eu iria me hospedar, o que eu tinha ido fazer lá, etc. Enquanto eles abriam minhas malas e retiravam rigorosamente tudo, eu perguntei ao chefe o porque só estavam revistando a minha bagagem uma vez que o vôo trazia pelo menos mais cinqüenta passageiros. E antes que ele respondesse, eu acrescentei com ironia: já sei, é porque eu sou brasileiro. Calmamente ele me devolveu o passaporte e disse que não era por essa razão e que se tratava apenas de uma questão de amostragem, o que claramente seu semblante não confirmava. Após a vistoria, o agente arrumou tudo na mala e me agradeceu. Cumprimentei-os devolvendo a mesma ironia e deixei o aeroporto rumo ao hotel, com uma certeza: que foi discriminação, ah, isso foi!

(Reprodução - Colaboração do Quintal que é brother há mais de 30 anos, apreciador e produtor de bons vinhos)

5 comentários:

Francisco J.Pellegrino disse...

Não sei até onde minha paciência iria neste momento...se acontecese comigo. Acho que me embarcariam de volta para o Brasil.

regi nat rock disse...

Comigo aconteceu quase igual. Barajas, Madri. Fui pra lá e levei na bagagem uma pintura feita pela minha primeira mulher(eu tava doido pra me livrar dela - da pintura e da ex - consegui os dois objetivos pra minha sorte.),pra dar de presente ao espanhol que me aguardava do outro lado da porta.
Mala pequena, maleta e o pusta quadro (grande mesmo com a baita moldura) To indo pra saida para quem não tem nada a declarar e um guardinha me parou e perguntou o que era o pacotão. Ironicamente, respondi que era uma obra de arte para 'regalo' de um amigo. Ele perguntou se era de valor e eu respondi que era incalculável já que havia sido pintado pela minha mulher e que, se ele quisesse poderia abrir pra ele apreciar. Tudo isso com a cara mais blazé que consegui fazer.
Não sei se me tomou por um louco , cara de pau ou um idiota completo e me deixou passar sem mais frescuras. Ora bolas, eles que vão àquela parte. Não dou moleza como faz a maioria dos brazucas que saem do pais com carinha de cucaracha, mas de jeito nenhum. Sigo as regras determinadas mas não abro mão do meu 'jus esperneante' sempre com ironia. Incomoda os gringos mas, raramente terão motivos pra te mandar de volta.

Belair disse...

Drugs my dear,drugs.
Infelizmente o que se carrega daqui é muito,e acaba sobrando pra nós,inocentes.Viajo muito a Beirut, e na passagem pela alfandega deve-se mostrar o passaporte.Brasileiro?Revista!
Já reclamei até à embaixada brasileira de lá. NÃO ADIANTA...

Speed disse...

Dá muita vontade de fazer como o
Regi, mas depois daqueles surfistas brasileiros presos por declararem que portavam uma "bomb" quando deveriam ter dito "pump", acho melhor assumir a condição de discriminado...

João Manuel disse...

Boa noite.
Tal como disse o Belair, nos paises Europeus Sul-americanos a desembarcar num qualquer aeroporto, ...é sinal droga ou pior! -Nada a fazer!!!
E olhem que tenho um grade amigo nos Estados Unidos (Português naturalizado Americano), moreno, barba, cabelo grizalho, olhos claros..., com uma situação ainda mais caricata!
Um dia ao chegar ao aeroporto Kennedy vindo de Israel a trabalho, perguntaram-lhe o que trazia na mala.
-Pedras! disse ele com o tom mais natural. (o homem faz mesmo colecção de pedras. tem uma divisão enorme na cave cheia de pedras de todo o mundo...)
Mesmo depois de se identificar - é um respeitável director de um hospital em New York com alguns conhecimentos de gente importante..., nada!
Os conhecimentos de nada lhe valeram, até um Raio-X teve que fazer.
Depois, ...alguém da Policia lhe pediu desculpa - mas não se safou!
...como podem ver! Não são so os Brasileiros!!! Não vale a pena se queixarem.